Nas noites silenciosas da floresta amazônica, onde os mistérios da natureza se encontram com as lendas antigas, brilha uma luz dourada que deslumbra e intriga todos que a veem. Esta é a Mãe-de-Ouro, uma entidade mística que guarda tesouros escondidos e protege os segredos da terra. Sua luz dourada é ao mesmo tempo um farol de esperança e um aviso para aqueles que buscam riquezas de maneira desonesta.
A lenda da Mãe-de-Ouro começa com uma mulher chamada Aurora, que vivia em uma pequena vila próxima à floresta. Aurora era conhecida por sua beleza e bondade, mas também por um segredo que poucos conheciam: ela era a guardiã de um tesouro escondido, legado de seus ancestrais. Esse tesouro, composto de ouro e pedras preciosas, estava enterrado nas profundezas da floresta, protegido por um feitiço poderoso.
Aurora, sabendo dos perigos que a cobiça humana podia trazer, decidiu proteger o tesouro com sua vida. Durante anos, manteve o segredo a salvo, até o dia em que um grupo de forasteiros chegou à vila, atraídos pelas histórias do tesouro escondido. Liderados por um homem ganancioso chamado Rogério, eles começaram a explorar a floresta, determinados a encontrar o ouro.
Uma noite, enquanto Rogério e seus homens cavavam na floresta, uma luz dourada surgiu entre as árvores, iluminando a noite com um brilho mágico. Era a Mãe-de-Ouro, a forma espiritual de Aurora, que agora protegia o tesouro em sua forma imortal. Os homens, encantados pela luz, seguiram-na, acreditando que os levaria caindo para confrontar a Matinta perera.
Numa noite sem lua, Clara ouviu o assobio agourento ecoando pela floresta. Determinada, seguiu o som até as profundezas da mata, onde se deparou com a figura sombria da Matintaperera em sua forma de pássaro negro. Clara, ao ver a criatura, sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas manteve-se firme.
— Matintaperera! — gritou Clara, com voz firme. — Eu não temo você. Por que você assombra nosso vilarejo?
O pássaro negro parou de assobiar e, diante dos olhos incrédulos de Clara, transformou-se na velha mulher Perera. Seus olhos brilhavam com uma mistura de tristeza e sabedoria.
— Eu assombro aqueles que esquecem a importância de respeitar a natureza e os espíritos da floresta — respondeu Perera. — Minha forma de pássaro é um aviso para que se lembram dos antigos costumes e vivam em harmonia com a terra.
Clara, tocada pelas palavras da bruxa, compreendeu que a Matintaperera não era uma criatura maligna, mas uma guardiã dos valores ancestrais. Ela se ajoelhou diante de Perera e pediu perdão em nome de seu povo, prometendo respeitar a floresta e ensinar aos outros a importância desse respeito.
A bruxa, satisfeita com a sinceridade de Clara, tocou sua testa com um dedo enrugado, abençoando-a com sabedoria e coragem. Perera então se transformou novamente em um pássaro negro e desapareceu na escuridão da floresta, deixando Clara sozinha, mas com um novo propósito.
Ao retornar ao vilarejo, Clara contou sua experiência a todos. Sua história inspirou os habitantes a reverenciar a natureza e a lembrar dos ensinamentos dos antigos. A partir daquele dia, a Matintaperera foi vista não como uma ameaça, mas como uma protetora, uma guardiã que vigiava as ações do povo e garantia que a floresta fosse respeitada.