Nas águas escuras e misteriosas dos rios amazônicos, uma lenda assustadora e cativante emerge: a história da Cobra Norato. Esta serpente gigantesca, com escamas negras e olhos brilhantes, é na verdade um homem enfeitiçado que se transforma em cobra durante a noite, vagando pelos rios e assustando os ribeirinhos.
A lenda começa com uma mulher chamada Maria, que vivia às margens do Rio Amazonas. Maria era conhecida por sua beleza e bondade, mas também por um segredo sombrio. Um dia, ela deu à luz gêmeos, um menino e uma menina, que nasceram com o destino de se transformarem em cobras. O menino foi chamado Norato e a menina, Maria Caninana. Enquanto Norato crescia com um coração bondoso, sua irmã gêmea tinha uma alma maligna.
Maria, desesperada para proteger seus filhos do destino cruel, decidiu lançar um feitiço que lhes permitiria viver como humanos durante o dia, mas se transformariam em cobras à noite. Norato, consciente de sua natureza dupla, tentou viver uma vida normal, ajudando sua mãe e protegendo sua irmã sempre que possível. No entanto, Maria Caninana se entregou completamente à sua natureza maligna, causando terror e destruição onde quer que fosse.
Os ribeirinhos começaram a falar das duas cobras que surgiam à noite, uma protegendo e outra destruindo. Norato, incapaz de suportar os atos cruéis de sua irmã, decidiu que precisava pôr um fim à sua maldade. Em uma noite de lua cheia, Norato enfrentou Maria Caninana em uma batalha feroz nas profundezas do rio. Usando sua força e determinação, Norato conseguiu derrotar sua irmã, mas a batalha deixou marcas profundas em sua alma.
Desesperado para se libertar da maldição que o prendia à vida de cobra, Norato buscou a ajuda de um pajé poderoso. O pajé lhe disse que para quebrar o feitiço, Norato precisaria de alguém com um coração puro para derramar leite quente em sua cabeça enquanto ele estava em forma de cobra. Norato vagou pelos rios por anos, esperando encontrar alguém corajoso o suficiente para ajudá-lo.
Finalmente, encontrou um jovem corajoso chamado Raimundo, que, ao ouvir a história de Norato, decidiu ajudá-lo. Em uma noite estrelada, Raimundo preparou o leite quente e esperou na margem do rio. Quando Norato emergiu das águas em sua forma de cobra, Raimundo derramou o leite quente em sua cabeça. Imediatamente, a serpente se transformou em um homem, livre da maldição que o aprisionava.
A lenda da Cobra Norato é contada para lembrar a todos sobre a luta entre o bem e o mal, e a importância de coragem e compaixão. Norato, agora livre, tornou-se uma figura de respeito entre os ribeirinhos, sua história ecoando nas margens dos rios como um símbolo de redenção e esperança.